Imposto em compras acima de US$ 50 afastou brasileiro, diz AliExpress

O consumidor brasileiro acostumado a fazer compras em sites internacionais tem desistido de fazer algumas aquisições. De acordo com um estudo encomendado pela loja digital AliExpress, isso acontece em especial quando o valor do produto ultrapassa os US$ 50 do programa Remessa Conforme e recebe o imposto de importação.

Segundo o levantamento, 66% dos consumidores nacionais “deixaram de comprar” no site após o momento de aplicação do imposto de importação. Entre o público que alega ter desistido da compras, a maioria é das classes C, D e E.

A taxa é uma consequência do programa Remessa Conforme, em vigor no Brasil desde agosto de 2023 em compras internacionais acima do valor limite de US$ 50. O AliExpress foi um dos primeiros serviços cadastrados, com aplicação já em outubro do ano passado.

Além desse dado, o estudo da consultoria Plano CDE divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo mostra que só 25% do público entrevistado não é contra esse aumento específico nos impostos. Por outro lado, 87% dos entrevistados defende que “o mais correto seria reduzir taxações de produtos nacionais” em vez de ampliar a cobrança dos importados.

A pesquisa encomendada pelo AliExpress entrevistou 2.535 pessoas entre 23 de dezembro de 2023 e 9 de janeiro de 2024. No período, os consumidores falaram que costumam acessar lojas digitais da Ásia pelo preço atrativo ou maior disponibilidade de marcas. Do total, 44% fez alguma aquisição em sites de fora do Brasil entre os três últimos meses do ano passado.

Taxação de produtos até US$ 50 ainda está em debate

Enquanto o Remessa Conforme segue em vigor, a alíquota zero para importados de até US$ 50 ainda é tema de discussão dentro do governo. De um lado, no final de 2023, o vice-presidente Geraldo Alckmin sugeriu que há planos para um imposto de importação para produtos abaixo desse valor.

Do outro, o governo segue relutante para taxar também esses valores, em especial porque a quantidade de compras nas lojas online seguiu alta em 2023 — mas com risco de queda ao longo do tempo, como mostra a pesquisa citada acima.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (Fonte da imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Folha de S. Paulo relata ainda que varejistas e fornecedores brasileiros seguem pressionando o governo federal para que a isenção caia. De acordo com esse grupo, há uma “concorrência desleal” por parte das lojas internacionais nas atuais condições.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda não decidiu sobre a aplicação ou não do imposto de importação também nas compras abaixo dos US$ 50. Segundo a reportagem, o governo analisa a questão com “cautela”

Fonte: Folha de S. Paulo

Compartilhe