ENTREVISTA | Renato Citrini, Product Marketing Manager da Samsung, fala sobre o mercado mobile

O início de ano foi bastante movimentado na Samsung. A empresa apresentou muitas novidades no mercado, incluindo os novos celulares Samsung Galaxy A15 e Samsung Galaxy A05S, além do smartwatch Samsung Galaxy Watch Fit3, apenas para citar algumas das novidades a que tive acesso para testar em 2024.

Para falar sobre esses e outros lançamento, tive a oportunidade de conversar com Renato CItrini, Product Marketing Manager de Smartphones, Vestíveis, Realidade Virtual e Tablets da Samsung no Brasil. No nosso bate-papo, que você lê abaixo, falamos sobre as principais novidades da empresa no segmento mobile e ressaltamos ainda alguma das novidades que vêm por aí.

Entrevista com Renato Citrini, da Samsung

Jacson Boeing: Renato, antes de tudo, gostaria que você se apresentasse para o nosso leitor e falasse um pouco sobre a sua área de atuação na Samsung.

Renato Citrini: Estou na Samsung há mais de 9 anos, entre aqui em 2014. Sempre fui da área de produtos: comecei com tablets. Depois, cerca de uma semana depois, já comecei também com smartphones, os relógios e toda essa parte de produto de uma divisão que a gente engloba produtos portáteis. Em geral, consideramos aqueles produtos que têm bateria e recarga, diferente de geladeira, televisor e ar-condicionado que precisam estar sempre ligados em uma tomada.

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JB: A Samsung recentemente lançou os modelos mais acessíveis da linha Galaxy A com o A05s, A15 LTE, A15 5G e Galaxy A25 5G. O volume do mercado de celulares está nessa faixa de preço e a Samsung tem uma linha robusta que garante a empresa quase 50% desse mercado. Como você vê a evolução desse segmento?

RC: Vemos que no mundo dos smartphones as pessoas estão sempre buscando mais, elas estão famintas por tecnologia. Então querem melhores câmeras, mais capacidade de armazenamento, bateria que dure mais e assim por diante. O público em geral não tem muita noção da classificação por miliampere por hora (mAh) – 4500, 5000 –, mas ele quer uma bateria que dure e que não vá te deixar na mão no meio do dia. Ela precisa durar pelo menos até o fim do dia para que eu possa voltar para casa sem preocupação.

Além disso, estamos caminhando para um padrão de tela. Há alguns anos a gente tinha 5, 5,5 e 5,7 polegadas, já que os telefones tinham muitas bordas e botões na frente. Agora, meio que tudo virou tela e a gente chega em um tamanho que é confortável para as mãos de um ser humano. Em contrapartida, uma tela pequena ninguém mais quer.

No passado os telefones eram grandes e foram diminuindo até ficarem bem compactos. Depois, cresceu a importância das telas, com cores, maior resolução, e elas cresceram de tamanho. Agora, chegamos em um momento em que a própria portabilidade limita o tamanho de tela, mas aí chegam os celulares dobráveis.

A gente amplia a memória, melhora a qualidade das câmeras, melhora a resolução de tela e busca atender o consumidor em todas as funcionalidades que atendem os desejos do consumidor.

Renato Citrini, Product Marketing Manager da Samsung

Quando falamos de um consumidor que busca um modelo da linha A, é um público que vai no detalhe de cada funcionalidade. Cada real investido precisa trazer um benefício. A gente tinha até o ano passado aparelhos com 32 GB de memória, mas para o público brasileiro, que gosta de mandar fotos e compartilhar vídeos, foi necessário aumentar essas capacidades.

Então agora desde o Galaxy A05S, nosso modelo mais de entrada atualmente, a gente oferece 128 GB de memória. A gente amplia a memória, melhora a qualidade das câmeras, melhora a resolução de tela e busca atender o consumidor em todas as funcionalidades que atendem os desejos do consumidor.

JB: Os telefones de entrada, como o Galaxy A05S, que eu testei recentemente estão deixando de ser basicões e trazendo algumas funcionalidades e recursos antes presentes no segmento intermediário. Imagino que o maior desafio seja definir as especificações de cada produto para criar um lineup consistente sem canibalizar o produto os outros modelos. Pode me falar um pouco de como funciona esse processo?

RC: Cada vez mais os produtos estão mais bem definidos, mas a gente tem algumas nuances. Por exemplo, do Galaxy 05 para o Galaxy 05S a gente tem uma tela que vai de HD para Full HD. Em um Galaxy A15 eu já tenho uma tela Super AMOLED, ou seja, trago uma tela com mais contraste e espessura menor.

A partir do Galaxy 05S trazemos ainda uma função chamada Vision Booster, que deixa o brilho da tela mais intenso sob a luz do sol. Ou seja, a gente começa a trazer mais vantagens de um produto para outro, o que acaba gerando diferenciais para diferentes tipos de consumidor.

JB: Dentro desse lineup, eu tenho uma dúvida sobre dois produtos específicos: o Galaxy A15 5G, com chipset Dimensity 6100+, e o Galaxy A15 LTE, com chipset Helio G99, ambos custando preços similares. Por que uma versão LTE (4G)?

RC: A cobertura 5G vem crescendo, mas ainda está muito restrita às grandes capitais. Mas na questão de posicionamento de preço, os componentes 5G fazem com que o produto tenha um preço mais elevado. Há uma diferença pequena na margem de preço, mas é o que a gente chama de preencher a “pista de preço”, ou seja, oferecer ao consumidor produtos em diferentes faixas de preço.

JB: Em relação aos preços, o Galaxy A34 e o Galaxy M34 foram lançados ano passado e os preços já estão ajustados. O Galaxy M34, por exemplo, você já encontra por R$ 1.300; O Galaxy A25 chega com mesmo SOC do M34, custando quase R$ 1.000 a mais e aos poucos começa a se ajustar. Qual o desafio de lançar uma linha nova no brasil, onde os preços são muito voláteis?

RC: Sempre que anunciamos um produto, colocamos a informação de “preço recomendado”. Ou seja, ninguém é obrigado a seguir aquele preço, já que o vivemos em um país de economia aberta. O lojista pode vender acima ou abaixo do preço recomendado, como ele quiser.

Sempre que anunciamos um produto, colocamos a informação de “preço recomendado”. Ou seja, ninguém é obrigado a seguir aquele preço, já que o vivemos em um país de economia aberta. O lojista pode vender acima ou abaixo do preço recomendado, como ele quiser.

Renato Citrini, Product Marketing Manager da Samsung

Nos smartphones, a questão de escala é muito importante. É um produto de valor alto, com forte demanda. As pessoas querem sempre ter o melhor e é sempre um desafio colocar um produto novo no mercado cujo preço é superior ao de um modelo mais antigo, mas com especificações melhores.

Sem dúvidas, é um quebra-cabeças para a gente. É por isso que lançamos sempre muitos produtos. Estamos no mês de março e já lançamos pelo menos cinco novos celulares esse ano. A gente tenta acelerar essa troca de produtos, mas nessa fase de transição acaba sendo inevitável situações como essas.

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JB: A linha A antigamente não tinha tantas opções para se montar um bom ecossistema como a linha S. Agora que temos o Bud FE e o Galaxy Fit3 com um preço mais acessível isso fica mais interessante para quem tem um celular na faixa dos R$ 1,5 mil. Essa é uma tendência, a Samsung olha com mais carinho para isso?

RC: É justamente essa a pegada do Galaxy Fit3. Se você olhar para alguns anos atrás, existia sim uma linha de corte para que o usuário tivesse acesso a essas tecnologias. Umas das limitações era técnica, a exigência de pelo menos 1,5 GB de RAM – algo que praticamente todos os modelos oferecem hoje.

Com isso, abrimos espaço para que aqueles que não têm tanto dinheiro para investir em um produto mais caro possam ter acesso à tecnologia da mesma forma. Ofereço um produto com diversos sensores, com funções avançadas, sem alguns recursos dos modelos mais caros, mas ainda assim igualmente interessantes.

JB: Agora falando de IA. A linha S24 trouxe muitos recursos de IA. A gente consegue visualizar alguns recursos desses chegando na linha A em breve?

RC: Algumas das soluções exigem maior capacidade de processamento, algo que a linha A não oferece no momento se comparado à linha S. Entretanto, nossas equipes internas já estão estudando como fazer a portabilidade de algumas tecnologias para outros smartphones.

Algumas das soluções exigem maior capacidade de processamento, algo que a linha A não oferece no momento se comparado à linha S. Entretanto, nossas equipes internas já estão estudando como fazer a portabilidade de algumas tecnologias para outros smartphones.

Renato Citrini, Product Marketing Manager da Samsung

O caminho natural hoje é vermos como essas funcionalidades se saem nos modelos top de linha, das linhas S e Z, e ver como eles se comportam. Não adianta ela ser compatível com a linha A, por exemplo, mas entregar uma experiência ruim para o consumidor, demorando no processamento por exemplo.

JB: Minha última pergunta é sobre o Galaxy AI. Eu adorei, mesmo que ele faça as mesmas coisas que o ChatGPT faz, nesse caso ele está na palma da sua mão. Esse é o grande barato de incorporar isso em um celular que você usa no dia a dia. Porém, ficou claro que alguns recursos em breve serão pagos, mediante assinatura. Você acredita que esse modelo deve se tornar uma tendência, ou seja, que mais recursos de IA virão, mas mediante pagamento de uma assinatura?

RC: Já divulgamos que até o final de 2025 não haverá nenhuma cobrança por esses recursos e, a partir daí, poderemos eventualmente cobrar. Ainda não temos um modelo pronto, mas estamos de olho no quanto a IA vai evoluir até lá. Muitas das ferramentas de IA já são assim, ou seja, cobram por recursos mais avançados.

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E aí, gostou do papo que tivemos com Reato Citrini? Fique ligado no Mundo Conectado para acompanhar a cobertura completa sobre os principais lançamentos da Samsung no Brasil.

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