Youtubers ensinam a criar e vender livros infantis com IA

Plataformas de vídeos e lojas de livros digitais estão cada vez mais recheadas com conteúdo polêmicos. São clipes e livros infantis que, ao que tudo indica, foram criados com base em inteligência artificial (IA).

De acordo com uma reportagem do G1, esse tipo de conteúdo está cada vez mais comum. Além disso, há até tutoriais de canais que prometem ensinar a criação dessas obras via IA generativa para que outras pessoas faturem com as próprias publicações.

Os tutoriais que ensinam a criar vídeos (Fonte da imagem: Reprodução/G1)

Canais populares com milhares de visualizações trazem a fórmula pronta, incluindo sugestões de prompts de texto — como pedir cores vibrantes, músicas animadas e voz infantil — e como fazer a postagem no sistema de autopublicação da Amazon. Tudo isso é sem custos, utilizando serviços gratuitos de chatbots como o ChatGPT e o Kreado.AI, especializado em voz.

Quando o resultado é um vídeo, esse tipo de prática é conhecido como “canal dark“. Esses são perfis do YouTube em que não há uma pessoa identificada ou aparecendo como criador de conteúdo. No lugar, a conta tem apenas as criações postadas em lotes, acumulando visualizações e recebendo a monetização do serviço.

Os canais encontrados pelo G1 incluem criadores de conteúdo que vendem os próprios livros infantis digitais feitos por chatbot por um preço médio de mais de R$ 65.

Os problemas dos livros infantis feitos por IA

Na prática, não é ilegal vender obras feitas com IA em plataformas a Amazon e nem ensinar outras pessoas a fazer o mesmo. Porém, existem alguns pontos polêmicos em relação a esses conteúdos.

Uma das questões diz respeito à qualidade do conteúdo. Em especial por serem prompts básicos demais e repetidos, as histórias geradas pela IA acabam sendo muito parecidas entre si, inclusive na lição de moral.

Um dos livros provavelmente feitos via IA, do texto às ilustrações. (Fonte da imagem: Reprodução/Amazon)

Além disso, não há qualquer tipo de preocupação com representatividade: a maior parte das criações envolvem pessoas brancas e de aparência similar — o que é prejudicial para a formação da criança, que tem menor contato com outras etnias, nacionalidades e origens.

O que dizem as empresas

O YouTube recentemente passou a monitorar a criação de vídeos usando IA. O serviço já conta com uma etiqueta própria para que os donos de canais avisem se o conteúdo foi feito artificialmente.

A Amazon só obriga a identificação se o conteúdo foi feito “totalmente” por uma dessas plataformas generativas. Caso os editores humanos alterem elementos para deixá-lo com menos cara de artificial, entretanto, não há políticas claras definidas pela empresa sobre o assunto.

Fonte: G1

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