Quem escuta muitos arquivos de áudio no dia a dia e já vasculhou as pastas do PC ou celular pode ter percebido uma alta variedade de formatos. Separados por diferentes siglas, eles são os padrões digitais de um arquivo voltado para reprodução de sons no geral, desde músicas e podcasts até gravações rápidas no celular.
O formato não é apenas um nome. Ele define também características como a qualidade daquele conteúdo, o tamanho do arquivo final e o nível de detalhamento do som em relação ao que foi gravado originalmente.
Esse tipo de diferença é ouvido na prática por usuários mais atentos e envolve também a velocidade de processamento de bits por segundo (bitrate ou o número em kbps). Além disso, como atualmente os eletrônicos suportam uma maior variedade de formatos, a compatibilidade é cada vez menos um problema — uma soundbar ou caixa de som intermediária, por exemplo,
Ainda assim, os formatos não são iguais entre si e algumas características definem se ele é o mais indicado para a sua necessidade. A seguir, veja um pouco mais sobre cada um deles.
MP3
O MPEG Audio Layer 3 (MP3) é talvez o formato mais popular de arquivos de áudio, principalmente por contar com um poderoso algoritmo de compressão. Isso significa que o padrão entrega arquivos de tamanhos econômicos com uma qualidade ainda razoável de áudio — especialmente se você não for um usuário exigente.
Na prática, ele tem uma taxa de compressão padronizada em 128 Kb/s ou 320 Kb/s e um arquivo cerca de 90% mais leve que os rivais. Isso tornou ele extremamente popular no começo do mercado dos players de música e de celulares ainda com pouco espaço de armazenamento interno, sem contar PCs menos potentes.
Esse formato foi idealizado por uma equipe liderada pelo professor alemão Karlheinz Brandenburg. Ele nasceu oficialmente em julho de 1995 e é lido por praticamente qualquer eletrônico que reproduz arquivos de áudio.
WAV
O Waveform Audio File, ou WAV, é um formato sem compressão e “bruto” de um arquivo de áudio. Ele é um dos formatos padrão da qualidade de CD e de programas como gravadores, editores de áudio e controladores de mesas de som (tanto para estúdios profissionais quanto em casa).
Criado por Microsoft e IBM, o formato é um formato lossless, ou seja, sem perda de qualidade em relação à gravação original e com taxa de 44,1 kHz. Até por manter essas características, ele resulta em um tamanho muito maior de arquivo, o que torna ele pouco atrativo para download ou armazenamento (10 MB por minuto em média).
Outra vantagem é que o arquivo conta com timecode, a sequência numérica para sincronização ou registro de gravações bastante usada por profissionais de áudio.
FLAC
Essa sigla está cada vez mais popular: o FLAC, ou Free Lossless Audio Codec, é um dos favoritos dos audiófilos, entusiastas de som de alta qualidade e usuários mais exigentes.
Esse formato nasce por volta de 2001 e é de código aberto. Isso significa que ele não tem os direitos retidos por alguma empresa ou é licenciado em forma de royalties para as interessadas.
Ele é um formato um pouco mais “cru” de um arquivo de áudio. Ou seja, tem uma baixa compressão e a manutenção quase integral da fidelidade sonora pretendida pelos artistas responsáveis.
O FLAC tem um tamanho grande de arquivo, porém não tão pesado quando um WAV (cerca de 60% do tamanho). Por outro lado, a qualidade é tida como próxima e imperceptível pela maioria dos consumidores. Até por isso, ele é usado no Tidal e no Deezer para reprodução de áudios em alta fidelidade (Hi-Fi), com bitrate de 1.000 a 2.000 kbps.
O problema desse formato é que ele pode não ser suportado por todos os aparelhos, em especial os mais antigos.
AAC
Conhecido pela sigla AAC, o Advanced Audio Coding é um formato tido como um dos sucessores do MP3. Ele é também o padrão de dispositivos da Apple, popularizado pelo iTunes e iPod no começo dos anos 2000.
Esse formato tem algumas semelhanças com MP3, porém com uma qualidade levemente melhor. Até por isso, ele foi adotado por eletrônicos como consoles, smartphones Android, no YouTube e algumas plataformas de streaming de música no plano convencional.
Outra característica do AAC é ser a base para outros formatos derivados, como como m4a e 3gp. Ainda assim, ele é um pouco mais difícil de ser reproduzido de forma “pura” em aparelhos.
AIFF
Outro formato criado pela Apple é o AIFF, ou Audio Interchange File Format. Este, entretanto, é muito parecido com o WAV em características. Por isso, aqui estamos falando da melhor qualidade possível (um padrão 16-bit e taxa de 44,1 kHz), porém com um arquivo que pode ser muito pesado.
Apesar de ser preferido por quem edita ou cria em dispositivos da Maçã, esse formato não tem o timecode incluso. Isso pode prejudicar certas ações para sincronizar uma gravação.
OGG
O OGG (ou Ogg Vorbis, que é o nome do codec de compressão) é outro um formato de alta compressão, com modificação na qualidade do arquivo. Porém, este é de código aberto e foi criado pela Xiph.Org Foundation, a mesma organização que desenvolveu o FLAC.
Ele é considerado melhor que o mp3 em qualidade e até em tamanho de arquivo, apesar de não ter a mesma popularidade. Ainda assim, ele é o principal formato utilizado pela plataforma de streaming Spotify.
Outros formatos de áudio menos populares incluem:
- WMA (Windows Media Audio):um formato de alta compressão e similar ao MP3, porém popular por ser um dos padrões do Windows,
- ALAC (Apple Lossless): mais um padrão da empresa similar ao FLAC, porém voltado para aparelhos da marca;
- DSD (Direct Stream Digital): resulta em arquivos maiores e mais “puros” que WAV e AIFF, com altíssima qualidade de áudio e indicado para profissionais do áudio;
- Opus: formato de alta compressão com perda de qualidade ajustável e arquivos pequenos. É mais usado em chamadas online e alguns serviços de streaming por entregar o suficiente mesmo em baixas condições.
Existe um formato de arquivo de áudio melhor que o outro?
No geral, cada formato de arquivo de áudio tem seus prós e contras. Tudo depende da exigência do usuário em termos de qualidade, do espaço de armazenamento disponível e também do aparelho que você pretende usar para reproduzir esse som.
Desse modo, não existe um formato definitivo ou campeão: só aquele mais indicado para cada necessidade. O MP3 e o AAC vão suprir boa parte das demandas pelo equilíbrio entre compressão e qualidade, por exemplo.
O FLAC tem se popularizado cada vez mais com uma indústria que tem superado barreiras de espaço e velocidade de conexão. Para produção musical, porém, o mais indicado é adotar um dos formatos de compressão quase inexistente, como WAV e AIFF.
Em último caso, você pode usar ainda um conversor ou editor de áudio para modificar o formato e passar o arquivo de um padrão para outro.
Fontes: Funktasy, WhatHiFi, Adobe, PrimeSound